Linha do Tempo de Ramana

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Life of Sri Ramana and Establishment of Sri Ramanasramam: Interactive Timeline

1879: Sri Ramana Maharshi nasce em 30 de dezembro, à 1h da madrugada, em Tiruchuli.

1892: Falecimento do seu pai, Sundaram Iyer. Bhagavan muda-se para Madurai.

1899: Bhagavan muda-se para o Monte Arunachala. Mora em várias cavernas na Montanha, mas principalmente na Caverna Virupaksha, usando a Caverna da Mangueira como sua moradia de verão.

1902: O livro Who am I? é compilado por Sivaprakasam Pillai.

1908 (janeiro a março): Sri Ramana muda-se para Pachaiamman Koil (Templo) com Ganapati Muni e outros e depois retorna para a Caverna Virupaksha.

1912: Celebração do Primeiro Jayanti de Bhagavan em Tiruvannamalai.

1915: O poema Song of the Pappadum é composto para sua Mãe.

1917: Bhagavan compõe Arunachala Pancharatnam em sânscrito, sua mãe passa a residir no Skandashram e Ganapati Muni compõe a Sri Ramana Gita.

1927: Bhagavan compõe o Upadesa Saram em tâmil, telugo, sânscrito e malaiala.

1939 (1º de setembro): Fundação do Templo Matrubhuteswara por Bhagavan.

[Photos]

Sundara Mandiram, Tiruchuli

Escola Dindigul, onde Bhagavan estudou em 1891

Templo Madurai Meenakshi Amman

Ramana Mandiram – Madurai

Templo Sri Arunachaleswar – Tiruvannamalai

Gurumurtam – onde Bhagavan morou em 1897

Caverna Virupaksha

Templo Pachaiamman

Kavyakanta Ganapati Muni

F. H. Humphreys, o primeiro ocidental a conhecer Bhagavan

Skandashram

Chinnaswami – “Sarvadhikari”

Foto antiga do Samadhi da Mãe

Bhagavan e devotos

A cozinha do Ashram

Bhagavan com a Vaca Lakshmi

Maha Kumbhabhishekam do Samadhi da Mãe

Após a cirurgia

O Santuário do Samadhi de Bhagavan

Tiruchuli

Tiruchuli, que fica a 50 km ao sudoeste de Madurai, é o segundo dos catorze lugares sagrados Shivaistas da Dinastia Pandia de Tamil Nadu. Foi lá que o rishi (Sábio) Gautama fez penitências para se livrar das mágoas que o afligiam por ter amaldiçoado sua esposa Ahalya.

Nessa cidade sagrada, Vakil Sundaram Iyer e sua esposa Alagammal tiveram um filho que nasceu à 1h da madrugada de 30 de dezembro de 1879, exatamente no dia sagrado em que, num passado distante, o Senhor Shiva Se manifestara diante dos Sábios Patanjali, Vyagrapada e outros, ficando conhecido como o Dia de Ardra Darshan.

A criança, que recebeu o nome de Venkataraman, posteriormente ficou conhecida no mundo inteiro como Bhagavan Ramana Maharshi. A senhora cega que trabalhou como parteira naquela noite viu um clarão de luz na hora em que o bebê saiu do útero da mãe.

Venkataraman começou o ensino primário em Tiruchuli. Um dia, quando seu pai se zangou com ele, ele se refugiou no sanctum sanctorum do templo, atrás da imagem da Deusa Sahayavalli. Sua infância, passada em Tiruchuli, foi marcada por competições de natação no rio Kaundinya e brincadeiras no Templo Kaalainathar, do outro lado do rio. Depois, ele continuou seus estudos em Dindigul enquanto morava na casa de um parente. Ele corria e brincava muito no forte da cidade, e seu sono profundo, semelhante ao Samadhi, continuava.

* A casa onde Bhagavan nasceu recebeu o nome de “Sundara Mandiram” e é administrada pelo Sri Ramanasramam. Uma foto de Bhagavan foi colocada no local, onde acontecem pujas e outras atividades diariamente. A casa se tornou um lugar de peregrinação para todos os devotos de Sri Bhagavan.

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Madurai

Infinita é a Graça de Madurai Meenakshi, que transformou o jovem Venkataraman rapidamente em Bhagavan Sri Ramana. Madurai, que testemunhou as 64 Peças (Lilas) Divinas do Senhor Somasundara (Shiva), que estimulou os Sangams (poetas) Tâmeis, que trouxe à existência Manickavachaka e o Tiruvachakam, que foi a terra em que brotaram o Tripura Rahasya e muitos outros textos espirituais – é realmente longa a lista das importantes referências de Madurai.

Após o falecimento de Sundaram Iyer, em 1892, em Tiruchuli, os membros da família mudaram-se de lá. Alagammal, a mãe, foi para Manamadurai com seus dois filhos mais novos para morar na casa de seu tio paterno, Nelliappiar, enquanto Nagaswamy e Venkataraman foram morar em Madurai com o tio Subbiar. As principais atividades da vida de Venkataraman em Madurai eram seu estudo no colégio da Missão Americana, as competições de natação no rio Vaigai e as brincadeiras com seus amigos em diferentes templos, como o Koodal Alagar Koil, o Alagar Koil e vários templos de lugares próximos, como Tirupparankunram. Assim, ainda sem completar dezessete anos, Venkataraman passava seu tempo estudando e brincando.

Desde sua juventude, Venkataraman sentia em seu interior que “Arunachala” era algo grandioso, mas, em novembro de 1895, ele aprendeu com um parente que havia chegado para uma visita que “Arunachala” era simplesmente Tiruvannamalai, um lugar na Terra que era possível conhecer. Ele também leu atentamente o livro tâmil Periya Puranam, uma crônica das vidas dos famosos 63 Santos Shivaistas de Tamil Nadu. Ele ficou muito comovido ao ler o livro. Para coroar tudo isso, em julho de 1896, ele teve uma Experiência de Morte que culminou com o Brahmajnana, quando ele mal conhecia o significado de Brahman. Assim, com as asas de Jnana, o pássaro iluminado despediu-se da Mãe Meenakshi e voou em direção ao Pai Arunachala, em 29 de agosto de 1896.

O jovem Ramana, em consideração aos sentimentos de sua mãe e de seus outros parentes, deixou um bilhete em que garantia que estava se lançando em um bom projeto e que ninguém precisava se preocupar com ele. Para sua viagem, ele pegou apenas três das cinco rupias que seu irmão mais velho lhe dera para pagar as taxas escolares dele. Sua yatra (jornada) para Arunachala terminou em 1º de setembro de 1896, em Tiruvannamalai, onde ele foi diretamente até seu Pai, o Senhor Arunachaleswara, no Templo. Mas a jornada de Venkataraman até Arunachala foi fácil e tranquila? Nada disso. Ele fez parte do percurso de trem, depois precisou ir a pé. Muito faminto, uma vez ele desmaiou na estrada. Ele precisou penhorar seus brincos para poder comprar uma passagem de trem. Ele passou uma noite inteira em um templo na estação ferroviária. Em seu caminho para Tiruvannamalai, ele teve a visão de uma luz misteriosa cuja origem não pôde ser encontrada. Depois de todos esses passos, sempre absorto em seu Eu, o Jnani de 17 anos chegou ao seu destino: Arunachala – de onde nunca mais saiu até abandonar seu corpo, 54 anos depois.

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Tiruvannamalai

Tiruvannamalai é a morada sagrada de Sri Arunachaleswara e de Unnamulai Amman. Os quatro populares cantores Santos Shivaistas (Appar, Sambandar, Manikkavacakar e Sundarar) ofereceram suas guirlandas poéticas em louvor ao Senhor Arunachaleswara nesse local. Foi em Arunachala que Brahma e Vishnu receberam a Graça divina do Senhor Shiva depois que o ego deles foi destruído, e onde a Deusa Parvati, consorte de Shiva, se tornou a metade esquerda do corpo do Seu Senhor Shiva. Foi lá que Arunagirinathar, autor de Tiruppugazh, nasceu, e onde yogis como Guhai Namasivaya e seu discípulo Guru Namasivaya viveram.

Como dito anteriormente, o jovem Venkataraman chegou a Tiruvannamalai na manhã de 1º de setembro de 1896, encerrando sua yatra (jornada) espiritual, a última viagem de sua vida, e foi diretamente até o sanctum sanctorum de Arunachala. Ele anunciou sua chegada ao Senhor Arunachaleswara dizendo, “Eu vim até aqui atendendo ao seu chamado, Senhor.”

Extremamente alheio ao mundo, ao seu corpo e à alimentação, ele continuou absorto no Eu durante vários meses no bosque das bananeiras, debaixo de uma árvore Iluppai, no santuário Patala Lingam e em outros lugares no complexo do Templo. Ninguém sabe quanto tempo ele ficou no santuário Patala Lingam. Foi Sri Seshadri Swami que tirou o jovem do santuário subterrâneo escuro e cheio de insetos com a ajuda de alguns devotos. A partir daquele momento, os sadhus do local, que tinham percebido que o jovem asceta estava constantemente absorto no Eu, começaram a cuidar dele com muito respeito. No entanto, o jovem yogue continuou se mudando de um lugar para outro.

Após passar um período no Templo Sri Subramaniyar, e depois de alguns dias em um jardim de flores lá perto, e mais alguns dias no Mantapam, onde são guardados os veículos das divindades do Templo, ele finalmente chegou ao Santuário Mangai Pillaiyar. Foi lá que o jovem Sábio ficou, com ajuda de Uddhandi Nayanar e Thambiran Swami, e posteriormente em Gurumurtham e depois no pomar de mangueiras ali perto. Onde quer que estivesse, ele permanecia absorto no Eu.

Após um devoto insistir, ele se identificou como Venkataraman, de Tiruchuzhi (ou Tiruchuli). Pouco tempo depois, a notícia chegou a seus parentes. A pedido de sua mãe, seu tio Nellaiappiar foi até lá para levá-lo de volta para casa, mas sua viagem foi em vão. Em seguida, o jovem Swami mudou-se para o Templo Arunagirinathar, e depois para o Templo Pavalakundru.
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Ele pedia comida em silêncio e com dignidade nas casas das muitas ruas de Arunachala (Tiruvannamalai). Ele jamais falava, e permanecia sempre absorto no Eu.

Quando Bhagavan estava morando em Pavalakundru, sua Mãe Alagammal, juntamente com seu filho mais velho, Nagaswamy, foram até lá para levá-lo de volta para casa. Ela chorou e implorou para que ele voltasse para casa, mas ele não falou nada, nem se mexeu. Ela voltou em outro dia e caiu aos prantos. Bhagavan, por não conseguir vê-la sofrendo, levantou-se e foi embora. Por fim, alguém o convenceu a escrever algo para sua mãe, e lhe deram lápis e papel. Bhagavan escreveu o seguinte, em tâmil:

“O Ordenador controla o destino das almas de acordo com o prarabdha karma (ações passadas) delas. O que quer que esteja destinado a não acontecer não acontecerá, por mais que você tente. O que quer que esteja destinado a acontecer acontecerá, por mais que você tente impedir. Isso é garantido. O melhor caminho, portanto, é permanecer em silêncio (resignado).”

A sua mãe, Alagammal, teve que voltar para a cidade dela com o coração pesaroso.

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Caverna Virupaksha

Existem muitas cavernas em Arunachala. As Cavernas Virupaksha, Namasivaya, Vannathi, da Figueira-de-Bengala e da Mangueira são algumas das cavernas mais importantes nas encostas do leste da Montanha. Essas eram as “mansões” reservadas para o jovem Swami no “Palácio do Pai”. Ele podia ficar em qualquer uma delas a qualquer momento.

Foi na Caverna Virupaksha, cujo nome é uma homenagem ao Sábio de Karnataka que tinha morado lá no passado, que o jovem Swami passou mais tempo. Virupaksha Deva era contemporâneo de Guhai Namasivaya. Quando o Swami saiu de Pavalukundru, ele passou a morar nessa caverna deserta, o que deve ter acontecido em setembro de 1899. A caverna está aproximadamente a 120 metros do sopé da Montanha e fica em frente ao Templo Arunachala.

Durante sua estadia em Virupaksha, Bhagavan deu instruções espirituais a Sivaprakasam Pillai, Humphreys, Ganapati Muni, Gambhiram Seshayya e outros devotos. Mais tarde, essas instruções foram compiladas nos livros “Who am I?”, “Glimpses into the Life & Teachings of Maharshi”, “Ramana Gita” e “Vicharasangraham”. Foi nesse período que Bhagavan compôs seu poema mais comovente, Arunachala Aksharamanamalai, repleto de bhakti (devoção). Seus devotos passaram a cantar os 108 versos desse poema cativante e comovente quando iam à cidade para obter bhiksha (doação de alimento).

Em 1914, quando a mãe de Bhagavan estava fazendo uma visita a Ele, durante uma peregrinação a Tirupati, ela adoeceu e ficou acamada por duas ou três semanas. Bhagavan cuidou de sua mãe carinhosamente. Em um momento, enquanto ela estava inconsciente, Ele compôs uma prece de quatro estrofes para Arunachala, para que ela se recuperasse. Alagammal se recuperou totalmente e voltou para Manamadurai.

Como era muito difícil morar na Caverna Virupaksha durante o verão, ele deixou o local e passou a morar na Caverna da Mangueira. Enquanto estava na Caverna Virupaksha, Bhagavan compôs muitos poemas no estilo venba. Foi lá que Sathyamangalam Venkatarama Iyer escreveu o belíssimo Sri Ramana Stuti Panchakam. Ele foi até lá, escreveu e desapareceu, por assim dizer.

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Templo Pachaiamman

Mulaippal Tirtham é um tanque que fica do lado norte da Caverna Virupaksha. Se descermos e caminharmos para o Norte, chegamos ao Templo Pachaiamman, que fica no sopé da Montanha, do seu lado nordeste. A imagem de Pachaiamman fica dentro do templo, e lá fora se encontram estátuas das divindades da cidade e de Iyyanar. É um templo pequeno e bonito, com dois tanques na parte externa dele. O Swami (Bhagavan) costumava dizer que tinha visto Pachaiamman visitando aquele local.

Foi lá que a Deusa Parvati escolheu fazer Sua penitência. Ela tinha a pele verde, de cor esmeralda. Acredita-se que é por isso que o templo passou a ser conhecido como Pachaiamman – “pachai” significa verde em tâmil.

Bhagavan ficou com seus seguidores lá por um breve período, em 1906, quando Tiruvannamalai estava sofrendo com uma epidemia (peste bubônica). Naquela época, animais selvagens como guepardos costumavam ir até o local para tomar água no tanque. Uma vez, Rangaswamy Iyengar, um devoto de Chennai, foi até lá para o darshan de Bhagavan. Quando estava se banhando no tanque do Templo, Bhagavan viu um guepardo se aproximando do tanque para tomar água. Bhagavan aproximou-se do animal e disse em voz baixa, “Afaste-se e volte um pouco mais tarde, ele vai se assustar.” O guepardo se retirou silenciosamente. Com base nesse incidente, entendemos que não apenas os seres humanos, mas também animais selvagens obedeciam a Bhagavan. Esses exemplos são numerosos.

Após esse período, Bhagavan voltou a morar na Caverna Virupaksha.

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Ganapati Muni

Em 1903, um gênio e grande erudito em sânscrito chamado Ganapati Sastri, também conhecido como Ganapati Muni, foi até Tiruvannamalai por causa das austeridades (tapas) a que estava se submetendo. Ele tinha o título de Kavya-kantha (aquele que tem poesia na garganta), e seus discípulos o chamavam de nayana (pai). Ele era especialista no louvor à Mãe Divina.

Ele visitou Ramana na Caverna Virupaksha várias vezes. Uma vez, em 1907, ele foi tomado por dúvidas a respeito de suas próprias práticas espirituais. Ele subiu a Montanha, viu Ramana sentado sozinho na caverna e se expressou da seguinte maneira: “Eu li tudo que precisa ser lido, até mesmo os sastras (escrituras) do Vedanta eu entendi completamente, fiz japa para o contentamento do meu coração, mas até agora não entendi o que são tapas. Então, busco refúgio aos teus pés. Peço que me explique a natureza de tapas.” Ramana, que tinha voltado a falar, respondeu: “Se alguém observa de onde surge a noção de ‘eu’, a mente é absorvida ali; isso é tapas. Quando um mantra é repetido, se a pessoa observa de onde surge o som desse mantra, a mente é absorvida ali; isso é tapas.”

Para o erudito, aquilo foi uma revelação. Ele sentiu a Graça do Sábio cercá-lo. Foi ele que proclamou que Ramana era Maharshi e Bhagavan. Ele compôs hinos em sânscrito em louvor ao Sábio e escreveu a Ramana Gita, explicando seus ensinamentos.

Depois disso, ele passou a morar em outro lugar, mas visitava Tiruvannamalai frequentemente, e sua estadia mais longa foi entre 1922 e 1929, na Caverna da Mangueira, um lugar santificado por Maharshi nos anos anteriores. Kavyakanta, um gênio, pensador e crítico de muita inteligência e versatilidade, tinha tanta devoção por Maharshi que atribuía suas muitas habilidades à Graça de seu Guru – Sri Maharshi. Ele teve experiências yôguicas notáveis; uma delas teve até mesmo uma manifestação física no seu crânio, em 1922, enquanto morava na Caverna da Mangueira e visitava o Guru no Skandashram.

Infelizmente, essa personalidade magnífica de ideais elevados e imensas habilidades intelectuais e espirituais encerrou sua vida terrena em seu Ashram em Nimpura, Kharagpur (perto de Calcutá), em 25 de julho de 1936.

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Humphreys

Frank H. Humphreys foi o primeiro ocidental a buscar Bhagavan para ter seu darshan e sua orientação. Mesmo trabalhando no Departamento de Polícia desde 1911, ele era muito religioso. Ele acreditava ter sido parte de um grupo de Siddhas (Seres perfeitos) em seu nascimento anterior.

Humphreys foi até a Caverna Virupaksha com Kavyakantha Ganapati Muni para obter o darshan de Bhagavan. Ao se sentar na frente d’Ele, Humphreys sentiu como se tivesse saído de si mesmo. Ele percebeu que o Maharshi sentado em sua frente não era um homem comum, era realmente um instrumento de Deus. Então, Ganapati Muni disse a Humphreys que, se ele tivesse alguma pergunta, poderia fazê-la ao Maharshi. Humphreys rezou para receber a Graça da Iluminação. Bhagavan o honrou com palavras de Upadesa (Instrução), em inglês, ocasionalmente falando em telugo. Bhagavan nunca falava tão detalhadamente com ninguém. Humphreys era realmente abençoado!

Humphreys voltou outra vez para obter o darshan de Bhagavan. Ao perguntar a Bhagavan sobre os siddhis (milagres), Bhagavan respondeu que a aquisição de siddhis não era útil para ninguém.

Uma vez, Bhagavan disse a Humphreys, “Estou transmitindo essas instruções como um Guru as transmite para um discípulo.” Como o Major Chadwick certa vez questionou, há algum registro de Bhagavan dizer isso a alguma outra pessoa? Certamente havia uma ligação espiritual especial entre os dois.

Bhagavan é um Mestre maravilhoso, e Humphreys era um discípulo muito receptivo. A Graça de Bhagavan agiu silenciosamente no interior do jovem policial. Ele voltou para a Inglaterra e, após alguns anos, abandonou sua carreira e se tornou um padre cristão.

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Skandasramam

Foi no começo de 1916 que a mãe de Bhagavan chegou – decidida a passar o resto da vida com Ramana. Logo após a chegada dela, Ramana mudou-se de Virupaksha para o Skandashram, um pouco mais acima na Montanha. A mãe de Ramana recebeu um treinamento espiritual intenso. Ela usou as vestes de cor ocre e se encarregou da cozinha do Ashram. Nagasundaram também se tornou um sannyasin, adotando o nome Niranjanananda. Entre os devotos de Ramana, Niranjanananda ficou conhecido como Chinnaswami (o Swami mais jovem).

Em 1920, a saúde da mãe ficou debilitada e ela passou a ter doenças típicas da velhice. Ramana cuidou dela com atenção e afeto, e passou noites sem dormir sentado ao seu lado. O falecimento ocorreu em 19 de maio de 1922, que era o dia de Bahulanavami, no mês de Vaisakha.

O corpo da mãe foi retirado da Montanha para ser enterrado. O local escolhido foi o ponto mais ao sul, entre o tanque Pali Tirtham e o Dakshinamurti Mantapam. Enquanto as cerimônias eram realizadas, o próprio Ramana ficou parado em silêncio, observando. Niranjanananda Swami passou a morar perto do túmulo. Ramana, que continuou no Skandasramam, visitava o túmulo todos os dias.

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O Samadhi da Mãe

Do Skandashram, na Montanha, ele desceu quase todos os dias para o Samadhi da Mãe, durante seis meses. E um dia, de repente, ele se sentou e permaneceu lá. Foi assim que começou o que passou a ser conhecido posteriormente como Sri Ramanasramam.

“Não foi por vontade própria que me mudei do Skandasramam” disse ele uma vez. “Algo me colocou aqui e eu obedeci. Não foi swechcha, por vontade própria, foi parechcha, a vontade dos outros, do Senhor.” E com esse acontecimento, iniciou-se um novo período de sua vida. A partir de então, seus ensinamentos e sua influência começaram a se disseminar rapidamente, tanto na Índia quanto no exterior.

Quando Sri Maharshi passou a morar nesse local, havia apenas uma cabana que cobria o Lingam, mas, logo depois, alguns galpões de palha foram erguidos. Felizmente, uma fonte de água foi encontrada. Quando, logo após o enterro da Mãe, as pessoas procuraram por água, Sri Maharshi apontou para um lugar ali perto. Depois de cavarem entre 60 e 90 cm, elas acharam uma fonte que forneceu água suficiente para a necessidade diária do Ashram que estava sendo criado.

A vida no Ashram prosseguiu de maneira tranquila. Com o passar do tempo, o número de visitantes aumentava – alguns para uma breve estadia, outros para períodos mais longos. As dimensões do Ashram aumentaram, e novas instalações e departamentos foram acrescentados: um estábulo para o gado, uma escola para o estudo dos Vedas, um departamento de publicação, o templo da Mãe com louvor diário regular, entre outros. Ramana passava a maior parte do tempo sentado no salão que tinha sido construído, testemunhando silenciosamente tudo o que acontecia ao seu redor. Mas ele participava ativamente. Ele costurava pratos de folhas, preparava legumes, lia materiais da imprensa, analisava jornais e livros, sugeria respostas para as cartas recebidas, entre outras coisas. Porém, era muito claro que ele estava separado daquilo tudo. Ele recebeu muitos convites para fazer turnês, mas nunca saiu de Tiruvannamalai e, a partir de 1926, não saiu mais do Ashram, pois parou de circumambular a Montanha. Todos os dias, as pessoas se sentavam na frente dele, sobretudo em silêncio. Às vezes, alguém fazia perguntas, e ele respondia a algumas. Era uma grande experiência sentar-se na frente dele e olhar nos seus olhos radiantes. Muitos sentiam que o tempo parava, além de uma quietude e paz indescritíveis.

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Bhagavan com devotos

A Vaca Lakshmi

Cachorros, vacas, gatos ou macacos eram tratados da mesma maneira que os humanos. Na verdade, um visitante novo provavelmente se confundiria com a referência que ele fazia aos “meninos”, pois ele estava falando dos macacos. Nenhum dos animais era tratado como se fosse inferior aos humanos, e ele não permitia que nenhum dos residentes do Ashram os tratassem mal.

“Não sabemos que almas estão ocupando esses corpos, nem que parte do seu karma inacabado elas querem concluir ao buscar nossa companhia” ele costumava dizer.

O mais famoso desses animais foi Lakshmi, a vaca. A mãe dela tinha sido presenteada ao Ashram alguns anos antes, e ela, por sua vez, deu muitos presentes ao Ashram. Durante um período de quatro anos, ela, misteriosamente, deu à luz um bezerro nos dias do Jayanti de Sri Maharshi.

Alguns devotos acreditavam que Lakshmi era a reencarnação de Keerai Patti, “a velhinha das verduras”, que costumava alimentar Maharshi por volta do ano 1900. Ela andava pelos cantos colhendo verduras e outros alimentos, mendigava para obter outras coisas necessárias, cozinhava-os em seu próprio cantinho em um templo na Montanha, e os levava para o Swami. “Tome, trouxe um pouco de verduras, pegue aqui.” Era uma boa quantidade, e ele aceitava. Às vezes, ele ia até onde ela morava, cortava as verduras e a ajudava a cozinhar. Quando ela morreu, seu corpo foi enterrado perto do Ashram.

Lakshmi morava no Goshala, a construção mais espaçosa do Ashram; ela gostava de ser o centro das atenções, e na cerimônia de abertura do Goshala, ela teve um papel de destaque. Algumas horas antes, ela insistiu em ser solta, foi até o Salão e se recusou a ser levada para fora.

Quando os residentes tentaram obrigá-la a sair, Sri Maharshi interveio e disse: “Deixe que ela fique. Ela veio me convidar para seu palácio.”

E, na hora marcada, ela o levou até sua casa; e quando a porta foi aberta, ela guiou orgulhosamente a manada de vacas até a nova moradia delas.

Quase todos os dias, ela encontrava alguma oportunidade para se encontrar com Sri Maharshi, e ela entendia muito bem o que era dito na sua presença. Ela se comportava com uma dignidade inconfundível e com autocontrole, e não queria saber de quem a tratava mal. Ela faleceu silenciosamente em 18 de junho de 1948, um pouco depois de Sri Maharshi passar um tempo ao seu lado, demonstrando muito amor por ela. Ela recebeu um enterro honroso em uma área oposta ao Salão de Sri Bhagavan. O próprio Sri Bhagavan escreveu seu epitáfio na forma de um venba em tâmil, que está inscrito em uma tábua acima de sua realística estátua, erguida sobre seu túmulo.

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O Kumbhabhishekam do Matrubhuteswara

(The audio file with the Portuguese narration was sent together with the text files)

Maha Nirvana

No final de 1948, percebeu-se um pequeno volume, do tamanho de um amendoim, no cotovelo esquerdo de Bhagavan. O volume aumentou gradualmente e passou a ficar dolorido ao toque. Em fevereiro de 1949, já estava do tamanho de um pequeno limão e tinha se transformado em um tumor. O médico encarregado do dispensário do Ashram o removeu cirurgicamente, e a lesão cicatrizou em cerca de dez dias. Durante a cerimônia de consagração (Maha Kumbhabhishekam) do Templo Matrubhuteswara, erguido sobre do Samadhi da Mãe, em março daquele ano, Bhagavan parecia bem, à exceção da pequena flacidez da pele no seu cotovelo. Porém, um pouco depois disso, o tumor voltou por cima da parte operada. Cirurgiões famosos vieram de Madras e o examinaram e, por suspeitarem ser maligno, o removeram cirurgicamente em 27 de março. Logo depois, ele recebeu tratamento com rádio. Um exame do tecido afetado mostrou que era câncer. Era um caso de osteossarcoma muito doloroso.

Uma equipe médica discutiu o assunto e decidiu fazer uma terceira cirurgia, na esperança de salvar a vida de Bhagavan. Bhagavan foi convencido a concordar com isso. A terceira cirurgia, em 7 de agosto, foi grande. Ela foi organizada cuidadosamente e realizada por uma equipe de médicos e cirurgiões. Uma semana depois, submeteu-se ao tratamento com rádio para destruir os tecidos afetados.

A lesão se curou gradualmente, e a saúde geral de Bhagavan pareceu melhorar um pouco durante cerca de três meses, então todos os corações voltaram a ter esperança. Porém, para o desânimo de todos, no fim de novembro o tumor reapareceu um pouco mais acima no braço, exigindo uma quarta cirurgia em 19 de dezembro. Depois disso, os médicos estavam certos de que, se o tumor reaparecesse, não haveria mais nada a fazer senão administrar paliativos. Durante esse longo período de dor e doença, Bhagavan manteve-se muito despreocupado. Ele não tinha preferência por nenhum tipo de tratamento. Toda vez que o Ashram escolhia determinado tratamento, ele obedecia apenas para agradar os devotos. Ele costumava dizer, “Cabe a nós testemunhar tudo o que acontece,” e foi exatamente isso que ele fez durante aqueles 14 meses de intensa dor. O aniversário de 71 anos de Bhagavan Sri Ramana foi comemorado na presença dele em 5 de janeiro de 1950. Naquele dia festivo, Bhagavan passou horas sentado em meio aos seus devotos, durante o dia e a noite.

Em 14 de abril de 1950, sexta-feira de manhã, Bhagavan disse: “Thanks” (Obrigado) a um assistente que acabara de massagear seu corpo. O assistente, que não entendia inglês, ficou confuso, e Bhagavan sorriu e explicou o significado em tâmil. Talvez Sri Bhagavan estivesse agradecendo, por meio daquele assistente, a todos que o tinham servido.

Naquela noite, muitos devotos se reuniram e todos eles receberam o darshan de Bhagavan. Muitos ficaram no Ashram após o darshan, pois a condição de Bhagavan estava crítica. Ao anoitecer, Bhagavan pediu que seus assistentes o ajudassem a se sentar. Eles o deixaram o mais confortável possível, com um deles apoiando gentilmente sua cabeça. Um dos médicos começou a dar oxigênio a ele, mas Bhagavan pediu que ele parasse acenando a mão direita.

Havia dez ou doze pessoas, médicos e assistentes, no pequeno cômodo. Duas abanavam Bhagavan. Centenas de devotos esperavam ansiosamente do lado de fora. Um grupo de devotos sentado na rampa do Templo, em frente ao pequeno cômodo, começou a cantar com devoção e fervor o Hino a Arunachala que Bhagavan tinha composto muito tempo atrás, com o refrão “Arunachala Shiva Arunachala Shiva”. Os olhos de Bhagavan se abriram e brilharam por um instante. Das bordas externas, lágrimas de alegria escorreram.

Seus últimos suspiros foram suaves, e depois, sem nenhuma premonição, nenhum susto, nenhuma resistência, a respiração parou. Um fotógrafo francês, Henri Cartier-Bresson, estava na frente de sua pequena casa, perto do Ashram, e viu no céu uma estrela cadente muito luminosa surgindo do Sul e se movendo lentamente para o Norte, desaparecendo por trás do cume de Arunachala. Ele olhou para seu relógio, eram 20h47. O exato momento em que o Maharshi deu seu último suspiro. A aparição do meteoro brilhante no céu foi observada por muitas pessoas em todo o sul da Índia e em algumas partes do oeste do país, sendo amplamente relatada nos jornais. Alguns devotos em Madras e outros lugares, ao verem aquilo, imaginaram que era algo importante e foram de carro até Tiruvannamalai para presenciarem o Maha Samadhi de Sri Bhagavan.

Bhagavan tinha voltado para sua Realidade, o Coração do Universo. A paz extraordinária daquela hora dominou a todos que estavam em sua Presença, sendo mais sentida do que jamais tinha sido. Era a Glória transcendente de Bhagavan, o Eu Luminoso, que prevalecia.

Bhagavan Ramana proclamou em silêncio:

“Revelado aqui estou, Refulgente em minha Realidade Eterna.”

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O Santuário do Samadhi de Bhagavan

Para onde eu poderia ir? Eu sempre estarei aqui!

PROGRAMAÇÃO DIÁRIA

6h45 – Oferenda de leite a Sri Bhagavan no Santuário do Seu Samadhi.
7h – Café da manhã.
8h – Canto dos Vedas na frente do Santuário de Sri Bhagavan.
8h30 – Puja no Santuário de Sri Bhagavan, seguido de Puja no Templo da Mãe.
10h45 – Narayana Seva (Alimentação dos Pobres).
11h30 – Almoço.
16h – Chá / Leite.
16h – Leitura de obras de Bhagavan ou sobre Ele (tâmil).
16h30 – Leitura de obras de Bhagavan ou sobre Ele (inglês).
17h – Canto do Vedas na frente do Santuário de Sri Bhagavan.
18h – Puja no Santuário de Sri Bhagavan, seguido de Puja no Templo da Mãe.
18h30 – Parayana Tâmil: segunda a sábado.
19h15 – Domingo: composições em sânscrito.
19h30 – Jantar.

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